terça-feira, 29 de novembro de 2011

Praça de Casa Forte

Fazia algum tempo que não passava, mesmo que rapidamente, pela Praça de Casa Forte, me fazendo recordar bons tempos, e de me ressaltar a importância dos espaços púbicos na vida de todos... então resolvi postar alguns dizeres sobre a Praça de Casa Forte:


Os jardins da Praça de Casa Forte, o primeiro projeto de jardim público de Burle Marx, realizado em 1935, deixam transparecer as preocupações ecológicas e estéticas, reunindo uma variedade de espécies vegetais provenientes da Amazônia, da Mata Atlântica como também plantas exóticas.

O elemento vegetal é o principal objeto de composição, nas quais ele utiliza exemplares até então desconhecidos na criação de cenários urbanos de beleza especial, numa proposta em que busca fugir aos padrões europeus, até então vigentes, para criar um jardim tropical.


De traçado geométrico originado por formas regulares, a Praça de Casa Forte enquadra-se, segundo a interpretação de Camillo Sitte, na categoria de "praça de profundidade", em relação à Igreja de Casa Forte, existente no local, pois os seus componentes estão dispostos em direção a sua fachada principal. Está situada no tradicional bairro de Casa Forte.


Em linhas gerais, seu projeto paisagístico possui o formalismo dos jardins franceses, pela simetria e regularidade. A praça é constituída de dois jardins retangulares e um quadrado, contendo uma riqueza de espécies vegetais: plantas arbóreas brasileiras da Amazônia, da Mata Atlântica e também plantas exóticas. Burle Marx trabalhou a vegetação como o elemento vertical do espaço em relação ao casario histórico, proporcionando efeitos de verticalidade e de escala. Procurou distribuí-las evidenciando não só a floração em épocas diferentes do ano, mas também explorando plantas aquáticas nos três espelhos d'água situados em cada um dos jardins, então inspirados na proposta do Kew Gardens de Londres.

No jardim central, Burle Marx utiliza plantas da Amazônia como o pau mulato, o abricó de macaco, e no lago, a vitória-régia. Pela observação no local, a vegetação aquática foi a que mais sofreu ao longo do tempo dada a falta de conservação que levou à extinção da vitória-régia, readquirida por ocasião da intervenção de 1998. No projeto original, consta a estátua de uma índia a se banhar no centro do lago central, mas que nunca existiu. Próximo à Igreja, está o jardim das plantas exóticas que formam um outro cenário, contendo a cássia rosa, o filício, o resedá, entre outras espécies.

O projeto paisagístico da Praça de Casa Forte é um exemplo marcante de expressão artística de um jardim em consonância com os elementos construídos na paisagem urbana. Para Burle Marx a compreensão do urbano é fundamental para a concepção do parque ou da praça como parte de um sistema de espaços livres com função ecológica e estética, na relação com o espaço edificado. Assim, resultou uma praça de paisagem convidativa e harmônica que está em perfeito equilíbrio com a arquitetura histórica e edificações modernas de um bairro residencial tradicional.

                               


Ao visitante apresenta-se uma paisagem de profundidade e reflexão, por que não dizer um jardim pictórico e poético. Os espelhos d'água são pontos de atração de um jardim de traçado retilíneo seguindo a configuração do sítio e paralelo ao casario, utilizando uma dinâmica própria quando dispõe as plantas acompanhando os caminhos e canteiros, além de pensar na época de floração oferecendo um verdadeiro espetáculo a ser apreciado no decorrer do ano. Assim, a dinâmica da paisagem tem no elemento vegetal seu principal estímulo.


A Praça de Casa Forte vem sendo mantida em parceria com o setor privado desde 1996, dentro do Programa "Adote uma Praça", promovido pela Prefeitura da Cidade do Recife, e foi restaurada no ano de 1998, nos moldes do projeto original, mediante a participação de um grupo de profissionais da Prefeitura do Recife – URB, EMLURB e SEPLAM – e a colaboração do Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco, além da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

 Fonte: Ana Cláudia Pessoa e Ana Rita Sá Carneiro 

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